Por Henrique Ribeiro, Professor do IPAM.
Vivemos uma era de profundas transformações no marketing, onde a integração entre o físico e o digital está a redefinir a forma como marcas e consumidores se relacionam.
No seu mais recente livro, Marketing 6.0 – O futuro é imersivo, Philip Kotler e seus coautores traçam um panorama das principais evoluções nesta área, culminando no conceito de metamarketing, uma abordagem que transcende os limites tradicionais, integrando tecnologias imersivas e realidades virtuais. Este conceito é mais do que uma evolução tecnológica, é uma resposta à mudança de comportamento das gerações nativas digitais, como a Geração Z e a Geração Alfa.
A Evolução do Marketing
O percurso do Marketing, que vai do marketing centrado no produto (1.0) até ao centrado no ser humano (3.0), reflete o esforço contínuo para adaptação às necessidades e valores emergentes. Estas mudanças incluem, também, o compromisso com a sustentabilidade e a inclusão dos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS). Empresas como a Unilever, a Google e a Procter & Gamble são exemplos notáveis de como o marketing pode ser uma força para o bem social, ao alinhar estratégias com propósitos mais amplos.
Com o advento do digital, o Marketing 4.0 trouxe a necessidade de integração entre estratégias tradicionais e digitais. Essa transição para um mundo hiperconectado foi acelerada pela pandemia, que evidenciou o poder do marketing omnicanal. Contudo, este modelo, apesar de eficaz, começa a dar lugar ao metamarketing, que promete uma experiência ainda mais integrada e imersiva.
Do Omni ao Meta
O Marketing 6.0, ou metamarketing, apresenta-se como a próxima fronteira, apoiado por tecnologias como inteligência artificial (IA), realidade aumentada (RA), realidade virtual (RV) e blockchain. A convergência entre os mundos físico e digital permite às marcas criarem experiências que transcendem os limites tradicionais. Exemplos como a aplicação da IKEA, que permite a visualização virtual de móveis em ambientes reais, ou os testes de maquilhagem com RA da L’Oréal, mostram como esta integração está a ganhar espaço no quotidiano dos consumidores.
Este avanço responde diretamente às expectativas das novas gerações, habituadas a interações digitais e experiências multissensoriais. A Geração Z e a Geração Alfa, criadas num ambiente digital imersivo, procuram experiências que combinem o melhor dos dois mundos. Assim, o metamarketing não é apenas uma ferramenta para captar a atenção destas gerações, mas uma forma de reimaginar a forma como as marcas criam valor e constroem relações duradouras.
Os Desafios e as Oportunidades do Metamarketing
Porém, implementar o metamarketing requer superar desafios tecnológicos e culturais. As empresas precisam de repensar a forma como utilizam a tecnologia, investindo na criação de experiências que sejam ao mesmo tempo inovadoras e alinhadas com os valores dos consumidores. Para além disso, é essencial que estas estratégias sejam inclusivas e sustentáveis, garantindo que a evolução tecnológica beneficie a sociedade como um todo.
Apesar das dificuldades, as oportunidades são vastas. À medida que as tecnologias como a computação espacial e o blockchain amadurecem, as marcas têm ao seu alcance condições para criar ambientes de interação que não são respondem, mas antecipam as expectativas dos consumidores. O futuro do marketing reside na capacidade de proporcionar experiências onde o físico e o digital se fundem de forma harmoniosa, oferecendo muito mais do que apenas produtos, mas emoções e relações com significado.
Em suma, o metamarketing é um reflexo da nossa sociedade em transformação, onde a tecnologia e a humanidade caminham lado a lado. Para as empresas, para as marcas, a adoção deste modelo não é apenas uma questão de inovação, mas de sobrevivência, num mercado cada vez mais competitivo e dinâmico.