Partilhamos consigo um artigo de Rute Ferreira Alves, Iberian Head of Communication & Innovation na MK Illumination Global e Membro da Direção da APPM.
Por estes dias já temos a corda esticada e a cada “Last Christmas” ficamos em agonia. Somos invadidos por um malabarismo frenético cujo objectivo é impactar-nos positivamente. Mas, na maioria das vezes, acaba por ter exactamente o efeito contrário. Com tantos estímulos por parte das marcas é fácil esquecermo-nos do que na sua essência esta época representa: o exemplo máximo de empatia, numa versão divina. E esta overdose de mensagens faz com que os consumidores não criem qualquer tipo de empatia com as marcas. O grande desafio é conseguir-se ser relevante sem ser massacrante. É esse equilíbrio que as marcas têm que encontrar.
Há um défice de empatia no Mundo, disse Barack Obama há 10 anos. Um estudo da comOn, apresentado no último Congresso Nacional de Marketing da APPM – Marketing in times of distraction – conclui que a empatia é um desafio e uma oportunidade para as marcas em Portugal. Eu acrescento no Mundo. E se a empatia é a capacidade de nos colocarmos no lugar do outro, ver pelos seus olhos, sentir e pensar como ele, as marcas têm um longo caminho frente. O mesmo estudo diz que 56% dos inquiridos não foi capaz de identificar 5 marcas empáticas. E isso é grave. É justamente aqui que as marcas podem e devem fazer a diferença.
Cabe-nos a nós, profissionais da área, seguir esta tendência e ajudar na construção de marcas empáticas. E isso só poderá acontecer quando começarmos a percepcionar o outro como individuo e não como consumidor. Só assim conseguiremos ter marcas reais, consistentes e com propósito. São essas características que nos farão optar conscientemente por determinada marca, através da identificação e não apenas pelos aspectos funcionais. Marcas que entendem as reais necessidades do individuo e que estão efectivamente atentas aos seus consumidores.
E porque é tão difícil? Porque a empatia, não sendo exclusivamente divina, é um exercício só para alguns. Se para as pessoas é uma rara qualidade, para as marcas terá que ser uma condição. Só assim conseguirão sobreviver e criar uma relação de confiança. E a fidelização será a sua recompensa.