Ter as previsões do futuro, ou pensar sobre ele? | Artigo de Nuno Nunes

Partilhamos consigo um artigo de Nuno Nunes, Membro da Direção da APPM e Managing Director na Reliable Healthcare Partners.

A altura em que termina um ano, e se inicia outro, é sempre um momento em que alguns se questionam sobre as tendências dos mercados para os próximos meses e anos. Há sempre, nestas ocasiões, a necessidade de planear e definir caminhos. Sabermos o que vai na cabeça de algumas das mentes que pensam seriamente sobre o futuro ajuda-nos no desenvolvimento do nosso trabalho.

Esta é também a altura em que várias empresas de consultoria, que trabalham os diferentes mercados, se apressam a publicar relatórios onde podemos ver os grandes números e as principais tendências. As consultoras sabem que este é o momento em que a procura pela clarificação do futuro aumenta, e em que podem gerar contactos com os seus clientes apresentando informação relevante e, claro, vender serviços.

Seja para a clarificação dos cenários macro no mercado, para a antecipação de novas tendências, ou simplesmente para refletirmos sobre o caminho percorrido e o rumo que as nossas decisões podem tomar, é de extrema importância “deitarmos um olho” a estes relatórios. Costumo fazê-lo, mas sempre com duas preocupações. A primeira, é de não deixar que o trabalho de análise e pensamento estratégico dos outros me invada de preguiça mental, ficando irremediavelmente à espera do fim do ano para ver o que os outros pensam. Muitos destes relatórios de tendências não são mais que a constatação do que já acontece, ou uma conclusão óbvia da combinação dos factos que já temos e conhecemos – e esse é o trabalho de um profissional de marketing o ano todo. A segunda, é tentar distinguir o que é sensato prever, do que aparece escrito apenas para a seguir me tentarem vender serviços de consultoria baseados em tópicos de encher o olho.

Das várias coisas que li, e que mais se aplicam à gestão de marketing, fica a minha opinião das que me parecem mais óbvias, na esperança que possam ajudar quem as lê no desenvolvimento do seu trabalho. Não será possível detalhar em muita profundidade cada uma delas, pretendem ser um ponto de partida para uma pesquisa e análise mais profunda da vossa parte. Espero que seja uma ajuda para pensarmos sobre o nosso futuro!

Concentração máxima nas estratégias omni, multi e cross-channel – embora a diferença entre estas três dimensões seja nalguns casos ténue, o foco é claramente investir toda a nossa atenção na sua implementação de acordo com as metas a que nos propomos. Todas estas estratégias têm em comum um objetivo – facilitar a vida dos consumidores dando-nos a nós a possibilidade de os acompanhar na ligação que eles têm aos nossos produtos e serviços, de forma personalizada e próxima.

De homo sapiens a homo digitalis – Esqueçam-se as teorias de que devemos dividir o nosso trabalho, e as nossas opções, pensando em quem está ligado à rede e em quem não está. Os nossos consumidores e stakeholders vivem no mesmo mundo online que nós, e qualquer marketing mix deve considerar estratégias digitais em cada uma das rúbricas, integrando-as através das estratégias referidas no ponto anterior.

Defender a informação que temos – Poucos têm a noção da insegurança digital em que cidadãos, profissionais e empresas vivem. Para um profissional de marketing a informação que detém é um dos ativos mais importantes, saber e garantir que ela está realmente protegida deve ser uma preocupação constante. Os ataques para roubo de informação são incessantes, e esta consciência de defesa da informação é importante de mais para ficar apenas nos departamentos de IT.

Nota do autor: o conteúdo deste artigo é da inteira responsabilidade do autor, e não reflete qualquer ponto de vista das organizações a que está ligado.