“Shaping the Future Leadership” foi o tema da 16ª edição do QSP Summit
A 16º edição do QSP Summit realizou-se no final de junho, sob o tema “Shaping the Future Leadership”. Foram 72 os oradores que pisaram os palcos num dos mais relevantes eventos de Management e Marketing da Europa e a APPM também marcou presença no palco Business Stage, com Tiago Fleming – Vice-Presidente da APPM.
O QSP SUMMIT recebeu mais de três mil profissionais, incluindo quadros médios e superiores das principais empresas nacionais e internacionais, durante os dois dias daquele que é um dos mais relevantes eventos de Management e Marketing da Europa. Durante os dois dias, puderam ouvir dezenas de oradores falar sobre a liderança, os desafios e as oportunidades futuras, bem como participar em várias sessões especiais e worklabs.
Após a cerimónia de abertura no Teatro Rivoli, no Porto, que contou com a presença de John Bercow, ex-presidente da Câmara dos Comuns do Parlamento do Reino Unido e figura carismática da política britânica, os dois dias do evento realizado na Exponor, em
Matosinhos, contaram com vários oradores de referência no mundo da gestão. Foram mais de 60 os oradores convidados para darem a sua visão sobre o futuro da liderança.
Gary Hamel
Gary Hamel, guru da Gestão e professor na London Business School, salientou a “importância de compreendermos as mudanças globais rápidas que estão a ocorrer no mundo e a necessidade das empresas as acompanharem através dos seus líderes”.
Mas estes líderes precisam de mudar a forma como pensam nas organizações, combatendo a burocracia que “impacta negativamente a produtividade”.
“A burocracia deve ser minimizada recorrendo a líderes e compreendendo que a gestão
não é sinónimo de controlo”, salientou aquele que é visto como um dos mais influentes pensadores mundiais na área da gestão e estratégia de negócios. O sucesso das organizações passa, muitas vezes, pela liberdade dada aos colaboradores, permitindo-lhes pensar e colocar em prática projetos diferenciadores. É importante “desburocratizarmo-nos a nós próprios, distribuir o poder”, sublinhou, defendendo o lema: “humanity over bureaucracy”.
Ian Woodward
Ian Woodward, do ISEAD, sublinhou que a “liderança deve ser vista como uma jornada
e não como um destino”. Neste sentido, lembrou a importância de as organizações terem líderes “capazes de pensar em todos os níveis na sua tomada de decisão, que não fiquem ‘presos’ num nível”.
“Não podemos ter um mindset em torno de poder e controlo”, caso contrário, “os colaboradores ficam desmotivados e as organizações tornam-se menos atrativas para
os jovens”. Um líder deve “ter a capacidade de encorajar os seus funcionários a pensar estrategicamente”. E esses “funcionários devem ter voz e ter visão estratégica”, rematou
Ian Woodward.
Helen Edwards
Helen Edwards, da London Business School, assentou a sua intervenção nas muitas das mudanças a que assistimos nos dias de hoje, salientando que grande parte dessas são forçadas pelos consumidores. “Os consumidores são os verdadeiros drivers das mudanças disruptivas, devendo a indústria ultrapassar a resistência e movimentar-se para não ficar para trás face aos
movimentos dos consumidores”, referiu, instando as organizações a adaptarem-se à mudanças, mas também a serem elas próprias instigadoras de mudança,
nomeadamente no que respeita à sustentabilidade. Partido do conceito de “less is more” e “consume less”, lembrou que as empresas devem ajudar os consumidores a consumir menos, mas melhor, atendendo ao ambiente, sustentabilidade. “Foram os consumidores que começaram a revolução. A disrupção provocado pelo consumidor tem o poder de fomentar novas indústrias, vencedores e também perdedores”, alertou.
Elizabeth Van Geerstein
Elizabeth Van Geerstein, da Papillon & Partners, sublinhou a importância da cultura de empresa para gerar resultados. “A cultura organizacional é o nosso golden link”, definindo três pilares-chave para a criar: segurança psicológica, que defende que os “funcionários devem ter uma voz, devem errar e conseguir admitir e não esconder”;
crescimento, que defende que os “líderes devem entregar poder os seus funcionários, estes devem resolver problemas, arranjar soluções”; e o terceiro que é o da conquista, o “vencer juntos”, que defende a criação de uma relação de confiança entre líderes e
liderados.
David Shing
David Shing, da Shingy, destacou que grande parte da nossa vida é passada a trabalhar. “Passamos 80% do tempo a trabalhar, pelo que devemos realmente gostar daquilo que fazemos”, referiu, lembrando a importância de “alinhar as nossas crenças com um
trabalho que consideramos positivo”, sendo que tal “está ligado à contribuição com as ideias para o estado do negócio e o ser reconhecido”. Quando tal não acontece, “há uma necessidade de ultrapassar a resignação, através da coragem para mudar de
trabalho e de local”.
Dr. Fredrik G. Pferdt
Dr. Frederik Pferdt, da Standford University, abordou temas como o otimismo, a curiosidade, a abertura, a aprendizagem e a empatia, fulcrais para se construir o mindset das lideranças futuras. “Quando um líder é confrontado com uma pergunta mais arrojada, este não deve olhar para os problemas, mas sim para oportunidade de inovação e aprendizagem que essa questão pode trazer para a organização”, referiu. “Um exemplo claro desta ação é visto na Google onde colaboradores são premiados
por colocarem as suas ideias na prática, recebendo um pinguim de peluche – este é explicado pelo comportamento das aves no mundo real, em que aguardam pelo corajoso que salte primeiro e arrisque no sucesso desta atividade”, exemplificou.
Marian Salzamn
Marian Salzamn, da Philip Morris International, falou-nos do caos e incerteza em que vivemos, com novas divisões, medos e ameaças existenciais. Há uma mudança de
paradigma. “As regras rígidas estão-se a quebrar. Vamos dizer adeus aos horários de trabalho ou estudo, tal como os conhecemos ou à prisão do crédito à habitação, com o desenvolvimento de comunidades de nómadas digitais”, salientou, mas lembrando que “à medida que nos movemos para o digital, a fome de comunhão com os outros fomentará a organização de tribos”. Assim, a “equidade é o novo grito de guerra”.
Além da visão das dezenas de oradores convidados para o QSP SUMMIT de 2023, o evento contou ainda com muitos outros palestrantes nas vários Worklabs e Special Sessions realizados ao longo dos dois dias.